quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Ainda que falte o PÃO, nos restará sempre o CIRCO!



Carolina Kahro em Grand théâtre... - foto: Toni Lima

Por Andréia Fábia

Uma sociedade que a tudo degusta como um espetáculo, que não se restringe aos olhares curiosos perante as barbáries que assolam os meios urbanos e se utiliza dos meios tecnológicos, em especial da televisão, para expor o homem como algoz do próprio homem; sejam bem-vindos à contemporaneidade. E deem boas-vindas a uma troca de imagens que deve ser consumida imediatamente.

Esta efervescência imagética, atrelada à curiosidade humana, é um dos amparos para a dramaturgia do espetáculo Grand théâtre: pão e circo, idealizado e interpretado por Carolina Kahro.

O espetáculo apresenta duas histórias muito distintas: de um lado, uma patroa, e do outro, uma empregada. Inicialmente, podem parecer vias de mãos opostas, mas, quando analisamos as posturas com certa precisão vemos que trazem à tona um foco único: a modernidade e os valores sociais e morais com ela apresentados.

Com um cenário que dialoga horizontalmente com as ações e as trocas dos personagens, composto por diversas telas de TV que mesclam programas descritos como elitizados, a exemplo do Jornal Nacional, a outros ditos populares, como o Programa Silvio Santos, o espetáculo traduz nesta troca de imagens e nas falas escancaradas e despudoradas das personagens um imediatismo que nada retém, que a tudo se rende, muito comum aos nossos dias.

O texto também é um fator preponderante na analise do todo porque apresenta uma narrativa sólida e fluida.

Porém, nenhum dos elementos teria sentido sem a peça-chave do espetáculo que se concentra na interpretação de Carolina, capaz de transitar entre o cômico e o dramático, oferecendo uma dose igualitária dos dois gêneros aos espectadores e uma construção muito bem delimitada dos personagens que compõem a trama. Além de promover o questionamento acerca de temas de extrema relevância.

Andréia Fábia é formada em Comunicação Social com ênfase em Publicidade e Propaganda pela UCSAL - Universidade Católica do Salvador, Licenciada em Teatro pela UFBA - Universidade Federal da Bahia. Atriz, professora de teatro e produtora cultural.

(Texto produzido como exercício para a oficina Cultura da Crítica, no âmbito do FILTE. Não posuui caráter valorativo).
 

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